A Reforma Protestante em 5 pontos
O lema da revolução espiritual da Reforma Protestante continua vivo e pertinente: “Ecclesia reformata, semper reformanda est”, em bom português, “Igreja reformada, sempre se reformando”. Aqui vai um guia para as 5 "Solas", os princípios que nortearam o movimento:
Sola ScripturaSó a Escritura:
Durante a Idade Média a Igreja Cristã perdeu de vista que o único referencial autorizativo para questões de fé e prática é a Bíblia Sagrada, também denominada de Escritura. A tradição, a palavra do Papa, as decisões dos Concílios, a razão e os sentimentos se introduziram como “concorrentes”. A Reforma do século XVI resgatou o princípio de que somente a Palavra de Deus pode decidir sobre o que deve ser crido e como a vida cristã deve ser vivida. Diante do tribunal que exigia sua retratação, Lutero disse: “Minha consciência está alicerçada pela Palavra de Deus […] Assim Deus me ajude. Amém!”
Sola GratiaSó a Graça:
“Graça é o favor divino, imerecido, que elege, redime, regenera e preserva o pecador para promovê-lo ao céu”. Com o passar dos séculos, a Igreja cristã introduziu na sua compreensão de salvação a ideia do mérito, desviando-se do padrão apostólico original. Na teologia medieval, formulada por Tomás de Aquino, a natureza humana passou a ser considerada potencialmente boa, rompendo-se radicalmente com o conceito bíblico, também defendido por Agostinho, de que o homem nasce com o coração corrompido.
Sola FideSó a Fé:
A justificação somente pela fé foi a grande redescoberta que proporcionou a conversão de Martinho Lutero. Por muitos anos, desde que se tornara monge agostiniano, sua alma permanecia sem paz, uma vez que a doutrina oficial da Igreja dizia que a salvação era alcançada através das obras. A Reforma começou com a negação radical dessa ideia antibíblica, quando Lutero fixou suas 95 teses na porta da Igreja em Wittemberg como uma reação à infame venda de indulgências – certificado emitido pelo Papa e vendido para quem desejasse ter seus pecados perdoados.
Solus ChristusSó Cristo:
O único Mediador entre Deus e os homens é Jesus Cristo. Esse foi o ensino apostólico:
Soli Deo GloriaGlória só a Deus:
A mais exigente declaração dentre os cinco pontos cardeais da Reforma é essa que estabelece toda glória a Deus. A era medieval corrompeu aos poucos esse padrão apostólico, transformando a fé cristã numa religião centrada no homem e não em Deus. A doutrina exaltava o homem, o culto era antropocêntrico, a Igreja transformou-se numa agência política e o sacerdócio era mais profano do que sagrado. O espetáculo da idolatria reinante na cristandade medieval era a mais gritante evidência de que o interesse pela glória de Deus havia sido abandonado. A teologia de João Calvino enfatiza compreensivelmente a soberania divina pela simples razão de tributar toda glória a Deus. O luterano J.S. Bach assinava todas as suas partituras com SDG, “Soli Deo Gloria”.
Igreja Presbiteriana Cidade Nova
em comemoração aos 500 anos da Reforma Protestante.
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