Uma resposta a meu irmão em Cristo Juvenil Lino do blog Reflexões Bíblicas sobre a questão do livre-arbítrio. Com base em seu texto “Deus nos deu o livre-arbítrio?”
Falar sobre a liberdade humana e a soberania de Deus é um assunto extremamente complicado e que suscita uma série de questões. Eu confesso que sou muito pequeno para trazer uma resposta contundente sobre o assunto, até mesmo porque, eu nem consigo entender muito do que leio a respeito. Eu reconheço minhas limitações. Mesmo assim, eu gostaria de apresentar meu ponto de vista sobre esta questão, mais precisamente, minha resposta ao seu ponto de vista.
Discussões sobre o Livre-arbítrio
Reflexões e discussões sobre a liberdade do homem (ou a ausência dela) existem desde a muito tempo na igreja cristã. Essa não é uma ideia que vem do arminianismo, como você declarou. Segundo Alister E. McGrath em Teologia sistemática, histórica e filosófica - Shedd Publicações – 2005 – o termo livre-arbítrio foi introduzido na igreja ocidental pelo teólogo Tertuliano no século II e foi trabalhado por Agostinho que nasceu no século IV, muito antes, portanto, de Armínio que nasceu no século XVI. Mas filósofos já deliberavam sobre este assunto muito antes de Cristo nascer. O próprio Tertuliano usou este termo emprestando-o do estoicismo que surgiu no século III a.C.
Este é um tema que traz profundas implicações sobre vários aspectos da nossa vida. A noção de livre-arbítrio incidi, por exemplo, diretamente na questão da responsabilidade moral de nossos atos. Já na conclusão de seu tratado, usando de retórica, você faz as seguintes perguntas:
Deixe-me ser extremista para esclarecer meu ponto de vista:
Imagine que um homem possua um robô de controle remoto. Imagine que este homem coloque nas mãos deste robô uma arma e controlando-o a distância, dispare e mate outro homem. Diante deste cenário eu pergunto: qual foi a responsabilidade moral do robô neste homicídio? Nenhuma! Ele não possui volição, nem capacidade de julgamento e suas ações foram totalmente determinadas pelo homem que o controlava.
Num caso de ausência total de liberdade seríamos como este robô. Não seríamos agentes livres e a responsabilidade de nossas ações seria inteiramente da causa determinante (na alegoria, do homem com o controle remoto). Portanto, se não há opções de escolha e se a ação independe da minha vontade, como posso ser responsabilizado moralmente por qualquer coisa? É justamente por termos liberdade que podemos ser responsabilizados por nossos atos.
Buscando uma definição
Não é simples definirmos o que significa “livre-arbítrio”, porque devemos levar em consideração que há mais de uma interpretação a cerca do que deve ser considerado uma pessoa realmente “livre”.
De modo geral e simplista, “livre-arbítrio” é popularmente definido como ”o direito de escolha” ou “liberdade para escolher”, entendendo-se por isso ser a liberdade que cada pessoa tem para julgar e decidir que ação tomar diante de determinada situação. É com este sentido que a grande maioria das pessoas, cristãs ou não, empregam esta expressão.
No campo da filosofia há uma infinidade de conceitos. Dentro da teologia eu quero destacar duas interpretações para o livre-arbítrio:
Livre-arbítrio libertário – Casa-se bem com a definição que você apresentou:
Dentro desta definição, qualquer circunstância que nos deixasse com apenas uma escolha, sendo impossível escolher outra coisa, isso anularia nosso livre-arbítrio.
Livre-arbítirio compatibilista ou determinismo suave – Define-se como a possibilidade de alguém tomar uma decisão voluntária; é a possibilidade de alguém fazer o que deseja desde que esta decisão não seja, nem fisicamente forçada, nem psicologicamente coagida.
Embora as diferentes definições pareçam ser iguais na prática, há, na verdade, uma profunda diferença. Os compatibilistas admitem, por exemplo, que se uma pessoa possuir um caráter formado e “solidificado” de uma maneira tal que em determinada situação ela venha a tomar uma decisão que seja inevitável, por causa da formação do seu caráter, essa decisão ainda assim, foi livre e moralmente significativa. Os libertários não admitem essa possibilidade. Se a decisão foi “inevitável”, logo não havia outras opções de escolha e isso equivaleria dizer que esta decisão não foi moralmente significativa e, portanto, não foi totalmente livre.
É claro que para o desenvolvimento de cada um destes pensamentos há muito mais o que ser dito, pois cada posionamento gera suas respectivas implicações e questionamentos e seus defensores “lutam” para explicá-las adequadamente. Eu, como já disse, sou muito pequeno para entrar em uma discussão tão complexa e creio que, para o que me proponho nesta resposta, o que apresentei já é suficiente.
Analisando sua argumentação
Perceba que seja qual for a definição que se assuma por "livre-arbítrio" dentre as apresentadas, a imposição de regras, leis ou mandamentos, não anula o livre-arbítrio, uma vez que obedecer ou não já constitui uma questão de escolha e depende da vontade de cada um.
Portanto, o fato de Deus ter ordenado não comer da árvore do conhecimento, não anula o livre-arbítrio de Adão de optar por obedecer ou não, nem tampouco a liberdade de Eva de apreciar o fruto, julgá-lo agradável e voluntariamente comer o que lhe era desejável. Assim, considerar o livre-arbítrio do homem inexistente, por haver Deus estabelecido que cumpramos a Sua vontade é uma falha de conceito, já que a própria rebeldia já consiste em uma questão de escolha vonluntária.
Da mesma forma, quando Deus apresenta, diante do povo de Israel, as consequências que suas ações trariam (a bênção ou a maldição“Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição; A bênção, quando cumprirdes os mandamentos do SENHOR vosso Deus, que hoje vos mando; Porém a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do SENHOR vosso Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes” (Dt 11:26-28)), isso não limitou o livre-arbítrio de cada um, ainda que Deus tenha exigido obediênciaDe acordo com a explicação do Juvenil o verbo mandar e ordenar na raiz hebraica quer dizer: dar ordens,exigir obediência, pois segundo o que você mesmo declarou...
Outro problema que a sua argumentação levanta é o fato de tratar do livre-arbítrio por um viés puramente moral. Mas toda nossa vida é regida por uma infinidade de questões de ordem puramente natural. Pense, por exemplo, em todas as decisões que precisamos tomar do momento em que levantamos até a hora de irmos trabalhar... Em que momento levantar; quando tomar banho; lavar ou não o cabelo; como pentear o cabelo; com gel? Sem gel? Penteado? Arrepiado? Que tipo de roupa usar; qual cor de roupa usar; preta? Vermelha? Tomar ou não café-da-manhã; o que tomar no café-da-manhã... Quase que ininterruptamente precisamos tomar decisões e fazer escolhas. Em quais destas situações somos privados de livre-arbítrio? – Pergunto sob a ótica do objetivo do seu tratado de desautorizar a ideia de que Deus nos deu o livre arbítrio.
A soberania de Deus e a liberdade do homem
Neste momento quero deixar claro que, embora defenda o livre-arbítrio do homem, de forma alguma nego a soberania de Deus. Deus é soberano e pode interferir sim no livre-arbítrio do homem quando bem entender para cumprir os seus propósitos. Mas não acredito que Ele faça isso privando o homem de toda a sua liberdade – isso seria o mesmo que dizer que Deus é responsável pelo pecado (como apresentei na alegoria do robô).
Mesmo no caso de Faraó em que Deus claramente declara que endureceria seu coração, não consigo enxergar que seu livre-arbítrio tenha sido totalmente suprimido, pois do mesmo modo que as Escrituras declaram que Deus endureceu o coração de Faraó (Ex 4:21"E disse o SENHOR a Moisés: Quando voltares ao Egito, atenta que faças diante de Faraó todas as maravilhas que tenho posto na tua mão; mas eu lhe endurecerei o coração, para que não deixe ir o povo”; 7:3”Eu, porém, endurecerei o coração de Faraó, e multiplicarei na terra do Egito os meus sinais e as minhas maravilhas”; 9:12”Porém o SENHOR endureceu o coração de Faraó, e não os ouviu, como o SENHOR tinha dito a Moisés”; 10:1,20,27”Depois disse o SENHOR a Moisés: Vai a Faraó, porque tenho endurecido o seu coração, e o coração de seus servos, para fazer estes meus sinais no meio deles”
”O SENHOR, porém, endureceu o coração de Faraó, e este não deixou ir os filhos de Israel”
”O SENHOR, porém, endureceu o coração de Faraó, e este não os quis deixar ir”; 11:10”E Moisés e Arão fizeram todas estas maravilhas diante de Faraó; mas o SENHOR endureceu o coração de Faraó, que não deixou ir os filhos de Israel da sua terra”; 14:4,8”E eu endurecerei o coração de Faraó, para que os persiga, e serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, e saberão os egípcios que eu sou o SENHOR. E eles fizeram assim”
”Porque o SENHOR endureceu o coração de Faraó, rei do Egito, para que perseguisse aos filhos de Israel; porém os filhos de Israel saíram com alta mão”), também declara que Faraó, por sua própria determinação, impediu que o povo saísse (Ex 3:19”Eu sei, porém, que o rei do Egito não vos deixará ir, nem ainda por uma mão forte”; 7:13,22”Porém o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu, como o SENHOR tinha falado”
”Porém os magos do Egito também fizeram o mesmo com os seus encantamentos; de modo que o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu, como o SENHOR tinha dito”; 8:15,19,32”Vendo, pois, Faraó que havia descanso, endureceu o seu coração, e não os ouviu, como o SENHOR tinha dito”
”Então disseram os magos a Faraó: Isto é o dedo de Deus. Porém o coração de Faraó se endureceu, e não os ouvia, como o SENHOR tinha dito”
”Mas endureceu Faraó ainda esta vez seu coração, e não deixou ir o povo”; 9:7,34-35”E Faraó enviou a ver, e eis que do gado de Israel não morrera nenhum; porém o coração de Faraó se agravou, e não deixou ir o povo”
”Vendo Faraó que cessou a chuva, e a saraiva, e os trovões, pecou ainda mais; e endureceu o seu coração, ele e os seus servos. Assim o coração de Faraó se endureceu, e não deixou ir os filhos de Israel, como o SENHOR tinha dito por Moisés”; 13:15”Porque sucedeu que, endurecendo-se Faraó, para não nos deixar ir, o SENHOR matou todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito do homem até o primogênito dos animais; por isso eu sacrifico ao SENHOR todos os primogênitos, sendo machos; porém a todo o primogênito de meus filhos eu resgato”). Isso mostra não só a soberania de Deus determinando os atos para cumprirem o Seu propósito, como também a liberdade do homem atuando conforme a obstinação de seu próprio coração. Esta é uma situação de ocorrência duplamente causada. É a isso que os compatibilistas chamam de doutrina da “concorrência”, quando um mesmo evento é, ao mesmo tempo, plenamente (cem por cento) causado por Deus e plenamente (cem por cento) causado pela criatura que o realiza. Lembre-se que segundo o conceito compatibilista de liberdade, ainda que Deus tenha determinado uma situação, a ação humana será livre, desde que feita voluntariamente e sem coerção.
Aqui, faço uso das suas palavras:
Neste conflito entre o livre-arbítrio (liberdade do homem) e a soberania de Deus (liberdade de Deus) não há como não relegarmos nossa reflexão ao vasto mundo dos Mistérios de Deus.
“As coisas encobertas pertencem ao SENHOR nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Dt 29:29)
Fomos criados a imagem e semelhança de Deus
Deus nos criou a Sua imagem e semelhança para que pudéssemos ter comunhão com Ele. O Senhor não criou “deuses” na terra, mas criou seres que podiam refletir, de certo modo e em certo grau, a Sua moral, o Seu intelecto, a Sua volição. Este padrão estabelecido por Deus na criação, inevitavelmente, concede aos homens livre-arbítrio, já que nos foi dado capacidade de julgar o que é bom (pesar as consequências dos nossos atos) e de optar pelo que nos é desejável – ainda que esta escolha implique em desobedecer as ordens de Deus.
A responsabilidade da ação humana (inexistente sem liberdade) não se trata de um conceito arminiano, ou calvinista, ou exclusivo de qualquer corrente teológica, mas é uma verdade bíblica aceita e defendida por qualquer cristão sincero.
Sei que sou leigo no assunto, mas acredito que a maior parte das discussões sobre o livre-arbítrio não é um debate sobre a existência da liberdade em si, mas da amplitude dessa liberdade e sua relação com a soberania de Deus. Até mesmo porque, a "Confissão de fé de Westminster" (reformada e calvinista) também confirma a liberdade e a responsabilidade dos homens:
"Deus, desde toda a eternidade, por meio do seu mais sábio e santo conselho, de sua própria vontade, livre e imutavelmente, ordenou o que quer que seja que aconteça; contudo, por meio disso, Deus não é o autor do pecado; nem isso é uma violência à vontade das criaturas, nem é a liberdade ou a contingência de segundas causas suprimida, mas, em vez disso, estabelecida" (grifo meu)
Contradições
Eu entendi qual foi o objetivo do seu estudo, mas seu posicionamento está muito confuso. Ora você nega completamente a existência de livre-arbítrio, ora você o defende. Num momento você aplica um conceito para “livre-arbítrio”, noutro transmite uma ideia totalmente diferente.
Você inicia seu tratado definindo o livre-arbítrio como a liberdade que o homem tem de tomar decisões sem constrangimento, mas conclui atribuindo a esta liberdade o mesmo significado de “libertinagem”:
Você criticou os arminianos por defenderem o livre-arbítrio, mas sua argumentação não confrontou o entendimento arminiano de liberdade. Na verdade você apresentou uma definição de livre-arbítrio (que se encaixa com o pensamento arminiano), mas desenvolveu o tema atribuindo um outro sentido ao termo – e ainda assim insistiu que esta era a visão arminiana.
Dentro da argumentação que você fez, podemos encontrar, ainda, uma contradição lógica.
Levando-se em consideração toda a argumentação que você apresentou nos tópicos “Exegese Bíblica” e “Conclusão”, podemos entender que, segundo o seu entendimento, a imposição de condições ou a existência de mandamentos e leis anulam nosso livre-arbítrio e, por não haver livre-arbítrio seremos julgados por nossos atos. Bem, com este entendimento de liberdade e responsabilidade humanas, analisemos as seguintes declarações:
Se o homem separado de Deus tem esse livre-arbítrio (4), então...
Ele goza de liberdade para fazer aquilo que é pecado (2), pois...
Para o homem separado de Deus que tem livre-arbítrio não há qualquer imposição de condições (3), logo...
Os homens separados de Deus não serão julgados, pois só os cristãos que não possuem livre-arbítrio serão julgados (1) Afinal de contas...
Tem-se liberdade por que prestar contas?
Contradição 2
Se Deus não deu livre-arbítrio ao homem (1) e só o homem separado de Deus o tem (4), então...
Adão e Eva foram os únicos a serem privados de livre-arbítrio, já que depois da queda todos estavam separados de Deus. Isto posto, podemos crer que Jesus morreu para redimir somente a Adão e Eva, já que todos os demais têm o livre-arbítrio (4) e gozam da liberdade para fazer aquilo que é pecado (2), não carecendo, portanto, de salvação.
Perceba que o conceito de livre-arbítrio não pode ser diferente para cristãos e não cristãos. A mesma liberdade concedida a um, deve necessariamente ser concedida ao outro. O que vai mudar são as consequências geradas pelas ações dentro desta liberdade.
Contradição 3
Se servos são pessoas que vivem abdicando dos seus direitos de liberdade (5), então...
Não é possível negar que estes servos possuam liberdade, pois não se abdica de um direito que não se possui.
Se o cristão não possui livre-arbítrio (4), então...
Não há o que se renunciar (5), mas se renunciamos esse maldito livre-arbítrio (5), então...
Não podemos negar que o possuímos, pois não é possível renunciarmos de algo que não temos.
Estes pontos tornam confusa a sua interpretação de livre-arbítrio.
Entendi também que sua argumentação sobre o livre-arbítrio incide mais na questão da “legalidade” (o que devemos fazer), do que na questão da “possibilidade” (o que temos a capacidade de fazer) e de acordo com este raciocínio, nenhum cristão sincero discordaria de você. Algum cristão sincero discordaria que todos nós estamos sujeitos a pecar (temos a capacidade), mas que de modo nenhum devamos pecar?
Certo é que nenhum cristão verdadeiro defenderia a existência do livre-arbítrio como justificativa para permanecer no pecado.
A vida que vivemos, vivemos na fé do Filho de Deus e aguardamos ansiosos pelo dia que seremos livres até da vontade de pecar, mas até que este dia chegue, infelizmente, teremos que encarar a verdade de que o pecado é uma realidade em nossas vidas, mais frequente do que gostaríamos que fosse.
Nós oramos sim ao Pai, pedindo que a Sua vontade seja feita, mas porque sabemos que por causa da nossa atual condição carnal, não corresponderemos a santidade de Deus se fizermos a nossa própria vontade.
Mas infelizmente não somos impedidos de pecar... melhor seria se fôssemos!
Este assunto é importante, profundo e levanta muitas questões. Por isso, eu, com toda a humildade, sugiro a você que analise seus argumentos e reveja a apresentação de seu tratado, afim de explicá-lo com maior clareza. Sei que sua intenção não foi levantar polêmica pela polêmica, mas para trazer edificação pela luz do evangelho de Cristo.
Fiquei a vontade para lhe escrever esta resposta porque sei que você, não só, esperava por críticas e mais críticas, mas também porque sabe o quanto o admiro e o amo em Cristo Jesus. Esta resposta não é, portanto, fruto de afronta mesquinha, mas de pura divergência de opiniões.
Certamente estudos como este nos fazem refletir a cerca de nossa situação no Reino de Deus e nos levam a confrontar velhas certezas. Isto nos enriquece e muito!
Fica na Paz do Senhor, amado!
Seu irmão em Cristo
Dovaniano
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Discussões sobre o Livre-arbítrio
Reflexões e discussões sobre a liberdade do homem (ou a ausência dela) existem desde a muito tempo na igreja cristã. Essa não é uma ideia que vem do arminianismo, como você declarou. Segundo Alister E. McGrath em Teologia sistemática, histórica e filosófica - Shedd Publicações – 2005 – o termo livre-arbítrio foi introduzido na igreja ocidental pelo teólogo Tertuliano no século II e foi trabalhado por Agostinho que nasceu no século IV, muito antes, portanto, de Armínio que nasceu no século XVI. Mas filósofos já deliberavam sobre este assunto muito antes de Cristo nascer. O próprio Tertuliano usou este termo emprestando-o do estoicismo que surgiu no século III a.C.
Este é um tema que traz profundas implicações sobre vários aspectos da nossa vida. A noção de livre-arbítrio incidi, por exemplo, diretamente na questão da responsabilidade moral de nossos atos. Já na conclusão de seu tratado, usando de retórica, você faz as seguintes perguntas:
”Tem-se liberdade por que prestar contas?Mas perceba que a liberdade e a responsabilidade não são excludentes.
Se Deus me deu livre-arbítrio por que tenho que dar contas de meus atos?
E que moral Deus tem de me cobrar os atos de uma liberdade que ele me [deu]?"
Deixe-me ser extremista para esclarecer meu ponto de vista:
Imagine que um homem possua um robô de controle remoto. Imagine que este homem coloque nas mãos deste robô uma arma e controlando-o a distância, dispare e mate outro homem. Diante deste cenário eu pergunto: qual foi a responsabilidade moral do robô neste homicídio? Nenhuma! Ele não possui volição, nem capacidade de julgamento e suas ações foram totalmente determinadas pelo homem que o controlava.
Num caso de ausência total de liberdade seríamos como este robô. Não seríamos agentes livres e a responsabilidade de nossas ações seria inteiramente da causa determinante (na alegoria, do homem com o controle remoto). Portanto, se não há opções de escolha e se a ação independe da minha vontade, como posso ser responsabilizado moralmente por qualquer coisa? É justamente por termos liberdade que podemos ser responsabilizados por nossos atos.
Buscando uma definição
Não é simples definirmos o que significa “livre-arbítrio”, porque devemos levar em consideração que há mais de uma interpretação a cerca do que deve ser considerado uma pessoa realmente “livre”.
De modo geral e simplista, “livre-arbítrio” é popularmente definido como ”o direito de escolha” ou “liberdade para escolher”, entendendo-se por isso ser a liberdade que cada pessoa tem para julgar e decidir que ação tomar diante de determinada situação. É com este sentido que a grande maioria das pessoas, cristãs ou não, empregam esta expressão.
No campo da filosofia há uma infinidade de conceitos. Dentro da teologia eu quero destacar duas interpretações para o livre-arbítrio:
Livre-arbítrio libertário – Casa-se bem com a definição que você apresentou:
”É a liberdade que o homem tem de tomar decisões sem constrangimento e a crença de que o comportamento humano é autônomo"Define-se como a possibilidade de alguém poder fazer mais de uma escolha em determinada circunstância, isto é, diante de uma situação “X” eu posso escolher entre a ação “A” ou “B”, ou ainda, entre “A” e “não A”. Perceba que se eu tiver a opção de agir ou não agir, isso também me dá mais de uma opção de escolha.
Dentro desta definição, qualquer circunstância que nos deixasse com apenas uma escolha, sendo impossível escolher outra coisa, isso anularia nosso livre-arbítrio.
Livre-arbítirio compatibilista ou determinismo suave – Define-se como a possibilidade de alguém tomar uma decisão voluntária; é a possibilidade de alguém fazer o que deseja desde que esta decisão não seja, nem fisicamente forçada, nem psicologicamente coagida.
Embora as diferentes definições pareçam ser iguais na prática, há, na verdade, uma profunda diferença. Os compatibilistas admitem, por exemplo, que se uma pessoa possuir um caráter formado e “solidificado” de uma maneira tal que em determinada situação ela venha a tomar uma decisão que seja inevitável, por causa da formação do seu caráter, essa decisão ainda assim, foi livre e moralmente significativa. Os libertários não admitem essa possibilidade. Se a decisão foi “inevitável”, logo não havia outras opções de escolha e isso equivaleria dizer que esta decisão não foi moralmente significativa e, portanto, não foi totalmente livre.
É claro que para o desenvolvimento de cada um destes pensamentos há muito mais o que ser dito, pois cada posionamento gera suas respectivas implicações e questionamentos e seus defensores “lutam” para explicá-las adequadamente. Eu, como já disse, sou muito pequeno para entrar em uma discussão tão complexa e creio que, para o que me proponho nesta resposta, o que apresentei já é suficiente.
Analisando sua argumentação
Perceba que seja qual for a definição que se assuma por "livre-arbítrio" dentre as apresentadas, a imposição de regras, leis ou mandamentos, não anula o livre-arbítrio, uma vez que obedecer ou não já constitui uma questão de escolha e depende da vontade de cada um.
Portanto, o fato de Deus ter ordenado não comer da árvore do conhecimento, não anula o livre-arbítrio de Adão de optar por obedecer ou não, nem tampouco a liberdade de Eva de apreciar o fruto, julgá-lo agradável e voluntariamente comer o que lhe era desejável. Assim, considerar o livre-arbítrio do homem inexistente, por haver Deus estabelecido que cumpramos a Sua vontade é uma falha de conceito, já que a própria rebeldia já consiste em uma questão de escolha vonluntária.
Da mesma forma, quando Deus apresenta, diante do povo de Israel, as consequências que suas ações trariam (a bênção ou a maldição“Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição; A bênção, quando cumprirdes os mandamentos do SENHOR vosso Deus, que hoje vos mando; Porém a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do SENHOR vosso Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes” (Dt 11:26-28)), isso não limitou o livre-arbítrio de cada um, ainda que Deus tenha exigido obediênciaDe acordo com a explicação do Juvenil o verbo mandar e ordenar na raiz hebraica quer dizer: dar ordens,exigir obediência, pois segundo o que você mesmo declarou...
”[A ação], de acordo com essa teoria do livre-arbítrio, é uma escolha livre, mesmo quando o indivíduo sabe que a ação escolhida pode trazer consequencias graves”Apresentando como exemplo a analogia “a porta estreita e a porta larga“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela” (Mt 7:13)” você usou como argumento de que a imposição de condições essenciais para herdarmos os céus quebra qualquer impetração de liberdade. Mas ao contrário do que você declarou em seu texto, livre-arbítrio não nos remete a “facilidades”, e sim a “vontade”, assim sendo, viver em renuncia, em dedicação, em santificação, não se trata da exclusão do livre-arbítrio, mas do exercício que fazemos dele, já que a responsabilidade é toda minha se, me desviando da porta estreita, eu entrar pela porta larga.
Outro problema que a sua argumentação levanta é o fato de tratar do livre-arbítrio por um viés puramente moral. Mas toda nossa vida é regida por uma infinidade de questões de ordem puramente natural. Pense, por exemplo, em todas as decisões que precisamos tomar do momento em que levantamos até a hora de irmos trabalhar... Em que momento levantar; quando tomar banho; lavar ou não o cabelo; como pentear o cabelo; com gel? Sem gel? Penteado? Arrepiado? Que tipo de roupa usar; qual cor de roupa usar; preta? Vermelha? Tomar ou não café-da-manhã; o que tomar no café-da-manhã... Quase que ininterruptamente precisamos tomar decisões e fazer escolhas. Em quais destas situações somos privados de livre-arbítrio? – Pergunto sob a ótica do objetivo do seu tratado de desautorizar a ideia de que Deus nos deu o livre arbítrio.
A soberania de Deus e a liberdade do homem
Neste momento quero deixar claro que, embora defenda o livre-arbítrio do homem, de forma alguma nego a soberania de Deus. Deus é soberano e pode interferir sim no livre-arbítrio do homem quando bem entender para cumprir os seus propósitos. Mas não acredito que Ele faça isso privando o homem de toda a sua liberdade – isso seria o mesmo que dizer que Deus é responsável pelo pecado (como apresentei na alegoria do robô).
Mesmo no caso de Faraó em que Deus claramente declara que endureceria seu coração, não consigo enxergar que seu livre-arbítrio tenha sido totalmente suprimido, pois do mesmo modo que as Escrituras declaram que Deus endureceu o coração de Faraó (Ex 4:21"E disse o SENHOR a Moisés: Quando voltares ao Egito, atenta que faças diante de Faraó todas as maravilhas que tenho posto na tua mão; mas eu lhe endurecerei o coração, para que não deixe ir o povo”; 7:3”Eu, porém, endurecerei o coração de Faraó, e multiplicarei na terra do Egito os meus sinais e as minhas maravilhas”; 9:12”Porém o SENHOR endureceu o coração de Faraó, e não os ouviu, como o SENHOR tinha dito a Moisés”; 10:1,20,27”Depois disse o SENHOR a Moisés: Vai a Faraó, porque tenho endurecido o seu coração, e o coração de seus servos, para fazer estes meus sinais no meio deles”
”O SENHOR, porém, endureceu o coração de Faraó, e este não deixou ir os filhos de Israel”
”O SENHOR, porém, endureceu o coração de Faraó, e este não os quis deixar ir”; 11:10”E Moisés e Arão fizeram todas estas maravilhas diante de Faraó; mas o SENHOR endureceu o coração de Faraó, que não deixou ir os filhos de Israel da sua terra”; 14:4,8”E eu endurecerei o coração de Faraó, para que os persiga, e serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, e saberão os egípcios que eu sou o SENHOR. E eles fizeram assim”
”Porque o SENHOR endureceu o coração de Faraó, rei do Egito, para que perseguisse aos filhos de Israel; porém os filhos de Israel saíram com alta mão”), também declara que Faraó, por sua própria determinação, impediu que o povo saísse (Ex 3:19”Eu sei, porém, que o rei do Egito não vos deixará ir, nem ainda por uma mão forte”; 7:13,22”Porém o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu, como o SENHOR tinha falado”
”Porém os magos do Egito também fizeram o mesmo com os seus encantamentos; de modo que o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu, como o SENHOR tinha dito”; 8:15,19,32”Vendo, pois, Faraó que havia descanso, endureceu o seu coração, e não os ouviu, como o SENHOR tinha dito”
”Então disseram os magos a Faraó: Isto é o dedo de Deus. Porém o coração de Faraó se endureceu, e não os ouvia, como o SENHOR tinha dito”
”Mas endureceu Faraó ainda esta vez seu coração, e não deixou ir o povo”; 9:7,34-35”E Faraó enviou a ver, e eis que do gado de Israel não morrera nenhum; porém o coração de Faraó se agravou, e não deixou ir o povo”
”Vendo Faraó que cessou a chuva, e a saraiva, e os trovões, pecou ainda mais; e endureceu o seu coração, ele e os seus servos. Assim o coração de Faraó se endureceu, e não deixou ir os filhos de Israel, como o SENHOR tinha dito por Moisés”; 13:15”Porque sucedeu que, endurecendo-se Faraó, para não nos deixar ir, o SENHOR matou todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito do homem até o primogênito dos animais; por isso eu sacrifico ao SENHOR todos os primogênitos, sendo machos; porém a todo o primogênito de meus filhos eu resgato”). Isso mostra não só a soberania de Deus determinando os atos para cumprirem o Seu propósito, como também a liberdade do homem atuando conforme a obstinação de seu próprio coração. Esta é uma situação de ocorrência duplamente causada. É a isso que os compatibilistas chamam de doutrina da “concorrência”, quando um mesmo evento é, ao mesmo tempo, plenamente (cem por cento) causado por Deus e plenamente (cem por cento) causado pela criatura que o realiza. Lembre-se que segundo o conceito compatibilista de liberdade, ainda que Deus tenha determinado uma situação, a ação humana será livre, desde que feita voluntariamente e sem coerção.
Aqui, faço uso das suas palavras:
“Deus se utiliza do livre-arbítrio do homem sem destruí-lo, apesar de não sabermos exprimir de que maneira Ele o faz”Não podemos elevar a soberania de Deus a tal ponto em que a liberdade do homem e a sua responsabilidade sejam eliminadas, nem tampouco exaltar a liberdade do homem a ponto de eliminar a soberania de Deus.
(Neste trecho de seu tratado – “O livre arbítrio e o determinismo” – eu fiquei realmente muito confuso, pois você defendeu o livre-arbítrio do homem ao invés de desautorizá-lo)
Neste conflito entre o livre-arbítrio (liberdade do homem) e a soberania de Deus (liberdade de Deus) não há como não relegarmos nossa reflexão ao vasto mundo dos Mistérios de Deus.
“As coisas encobertas pertencem ao SENHOR nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Dt 29:29)
Fomos criados a imagem e semelhança de Deus
Deus nos criou a Sua imagem e semelhança para que pudéssemos ter comunhão com Ele. O Senhor não criou “deuses” na terra, mas criou seres que podiam refletir, de certo modo e em certo grau, a Sua moral, o Seu intelecto, a Sua volição. Este padrão estabelecido por Deus na criação, inevitavelmente, concede aos homens livre-arbítrio, já que nos foi dado capacidade de julgar o que é bom (pesar as consequências dos nossos atos) e de optar pelo que nos é desejável – ainda que esta escolha implique em desobedecer as ordens de Deus.
A responsabilidade da ação humana (inexistente sem liberdade) não se trata de um conceito arminiano, ou calvinista, ou exclusivo de qualquer corrente teológica, mas é uma verdade bíblica aceita e defendida por qualquer cristão sincero.
Sei que sou leigo no assunto, mas acredito que a maior parte das discussões sobre o livre-arbítrio não é um debate sobre a existência da liberdade em si, mas da amplitude dessa liberdade e sua relação com a soberania de Deus. Até mesmo porque, a "Confissão de fé de Westminster" (reformada e calvinista) também confirma a liberdade e a responsabilidade dos homens:
"Deus, desde toda a eternidade, por meio do seu mais sábio e santo conselho, de sua própria vontade, livre e imutavelmente, ordenou o que quer que seja que aconteça; contudo, por meio disso, Deus não é o autor do pecado; nem isso é uma violência à vontade das criaturas, nem é a liberdade ou a contingência de segundas causas suprimida, mas, em vez disso, estabelecida" (grifo meu)
Contradições
Eu entendi qual foi o objetivo do seu estudo, mas seu posicionamento está muito confuso. Ora você nega completamente a existência de livre-arbítrio, ora você o defende. Num momento você aplica um conceito para “livre-arbítrio”, noutro transmite uma ideia totalmente diferente.
Você inicia seu tratado definindo o livre-arbítrio como a liberdade que o homem tem de tomar decisões sem constrangimento, mas conclui atribuindo a esta liberdade o mesmo significado de “libertinagem”:
“Deus não deu o livre-arbítrio ao homem, essa pseudo-liberdade foi uma herança (...) de Adão e seremos julgados por essa orgulhosa liberdade (libertinagem)”Isso se torna mais problemático quando lemos que sua...
É bom lembrarmos que o que herdamos de Adão não foi a liberdade, mas a natureza pecaminosa
“...intenção é sem dúvida desequilibrar a posição dos arminianos leigos que sempre declaram que DEUS deu livre-arbítrio ao homem”Isso nos leva a crer que você esteja atribuindo aos arminianos uma "defesa da legalidade de vivermos dissolutamente". Mas não acredito que arminianos, ou pentecostais, ou qualquer outro grupo genuinamente cristão defendam a libertinagem. Tenho certeza que você também não acredita. Qualquer arminiano poderia defender-se dizendo que a libertinagem é o resultado do uso irresponsável do livre-arbítrio e não o próprio livre-arbítrio.
Você criticou os arminianos por defenderem o livre-arbítrio, mas sua argumentação não confrontou o entendimento arminiano de liberdade. Na verdade você apresentou uma definição de livre-arbítrio (que se encaixa com o pensamento arminiano), mas desenvolveu o tema atribuindo um outro sentido ao termo – e ainda assim insistiu que esta era a visão arminiana.
Dentro da argumentação que você fez, podemos encontrar, ainda, uma contradição lógica.
Levando-se em consideração toda a argumentação que você apresentou nos tópicos “Exegese Bíblica” e “Conclusão”, podemos entender que, segundo o seu entendimento, a imposição de condições ou a existência de mandamentos e leis anulam nosso livre-arbítrio e, por não haver livre-arbítrio seremos julgados por nossos atos. Bem, com este entendimento de liberdade e responsabilidade humanas, analisemos as seguintes declarações:
Contradição 1
- Deus não deu o livre-arbítrio ao homem, essa pseudo-liberdade foi uma herança (...) de Adão e seremos julgados por essa orgulhosa liberdade (libertinagem)
- Somos servos de Deus e não gozamos da liberdade de fazer aquilo que é pecado...
- A “imposição de condições” quebra qualquer impetração de liberdade...
- Este estudo é uma desautorização do livre-arbítrio do Cristão, só o homem separado de Deus o tem
- ...escravo ou servo, [são] pessoas que vivem abdicando dos direitos de liberdade. Nós Cristãos (...) negamos a libertinagem e (...) renunciamos esse maldito livre-abítrio...
Contradição 2
Perceba que o conceito de livre-arbítrio não pode ser diferente para cristãos e não cristãos. A mesma liberdade concedida a um, deve necessariamente ser concedida ao outro. O que vai mudar são as consequências geradas pelas ações dentro desta liberdade.
Contradição 3
Estes pontos tornam confusa a sua interpretação de livre-arbítrio.
Entendi também que sua argumentação sobre o livre-arbítrio incide mais na questão da “legalidade” (o que devemos fazer), do que na questão da “possibilidade” (o que temos a capacidade de fazer) e de acordo com este raciocínio, nenhum cristão sincero discordaria de você. Algum cristão sincero discordaria que todos nós estamos sujeitos a pecar (temos a capacidade), mas que de modo nenhum devamos pecar?
Certo é que nenhum cristão verdadeiro defenderia a existência do livre-arbítrio como justificativa para permanecer no pecado.
A vida que vivemos, vivemos na fé do Filho de Deus e aguardamos ansiosos pelo dia que seremos livres até da vontade de pecar, mas até que este dia chegue, infelizmente, teremos que encarar a verdade de que o pecado é uma realidade em nossas vidas, mais frequente do que gostaríamos que fosse.
Nós oramos sim ao Pai, pedindo que a Sua vontade seja feita, mas porque sabemos que por causa da nossa atual condição carnal, não corresponderemos a santidade de Deus se fizermos a nossa própria vontade.
Mas infelizmente não somos impedidos de pecar... melhor seria se fôssemos!
Este assunto é importante, profundo e levanta muitas questões. Por isso, eu, com toda a humildade, sugiro a você que analise seus argumentos e reveja a apresentação de seu tratado, afim de explicá-lo com maior clareza. Sei que sua intenção não foi levantar polêmica pela polêmica, mas para trazer edificação pela luz do evangelho de Cristo.
Fiquei a vontade para lhe escrever esta resposta porque sei que você, não só, esperava por críticas e mais críticas, mas também porque sabe o quanto o admiro e o amo em Cristo Jesus. Esta resposta não é, portanto, fruto de afronta mesquinha, mas de pura divergência de opiniões.
Certamente estudos como este nos fazem refletir a cerca de nossa situação no Reino de Deus e nos levam a confrontar velhas certezas. Isto nos enriquece e muito!
Fica na Paz do Senhor, amado!
Seu irmão em Cristo
Dovaniano