Por: Renato Vargens
Título original: Sabonetes ungidos, a venda de indulgências modernas e a necessidade de uma reforma agora
Tenho vergonha do comércio e da barganha promovida pelos adeptos da teologia da prosperidade.
Tenho absoluta certeza que se o reformador alemão Martinho Lutero fosse vivo estaria na linha de frente contra os ensinamentos espúrios feitos por esse povo que só pensa em dinheiro. Isto afirmo baseado no fato de que tudo aquilo que os reformadores lutaram como, superstição, misticismo, idolatria, venda das indulgências, autoritarismo papal, está indubitavelmente enraizado no neopentecostalismo.
Há pouco descobri um site onde dentre outros artefatos comercializa-se sabonetes ungidos... (aqui).
Caro leitor, como já escrevi anteriormente a IURD não pode ser considerada uma igreja evangélica (Aqui), mesmo porque, o que ela prega e ensina em muito se contrapõe aos ensinos do protestantismo.
Confesso que ao olhar aberrações deste povo, seus falsos profetas (aqui) bem como a moderna venda de indulgências, é inevitável não lembrar das 95 teses de Lutero. (aqui)
Prezado irmão, diante tamanha aberração falta-me palavras para retratar minha indignação! O que fizeram do cristianismo? Que evangelho louco é esse? Ora, este não é, não foi e nunca será o Evangelho do meu Senhor.
31 de outubro se aproxima e com ele a possibilidade de refletirmos à luz da história sobre o significado e importância da Reforma. Acredito piamente que os conceitos pregados pelos reformadores precisam ser resgatados e proclamados a quantos pudermos, até porque, somente assim, poderemos novamente sair deste momento preocupante e patológico da Igreja evangélica.
Voltemos ao Evangelho!
Fonte: renatovargens.blogspot.com.br
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tem sido pregado hoje, com Juliano Son do Ministério Livres para Adorar
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
Sabonetes ungidos e a necessidade de uma reforma
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
Chega de prometer bênção
Por: Ricardo Gondim
Chega de prometer bênção. Não dá mais para aguentar tanta promessa de bênção. Como continuar ouvindo pastores a distribuir riqueza, felicidade e proteção divina em cada culto? Milagres, segundo o que dizem, chegam para todos, aos borbotões. Alcançar patamares superiores por meio de um benefício divino tornou-se quase uma obsessão. Evangélicos no Brasil, principalmente, ganharam uma voracidade incrível por socorros vindos do além. Promete-se tanta riqueza, tanta saúde física e tanto bem estar que, pelo número de campanhas de oração, o país já devia ter melhorado em vários índices de qualidade de vida. Pastores produzem tantas maravilhas que eles mesmos ficam sob suspeita. Já daria para esperar maior distribuição da renda nacional; e quem sabe, menos fila nos hospitais...
Chega de prometer bênção. A espiritualidade cristã com suas orações, ritos e expectativas não gira em torno da gula de receber benefícios celestiais. A ênfase dos evangelhos não se resume a um só tema. Jesus lembrou os primeiros discípulos que antes deles se preocuparem em salvar a vida, precisariam estar dispostos a perdê-la (Marcos 8:35). A grandeza de uma causa não é determinada pelo que seus seguidores ganham ao segui-la, mas pelo preço que eles se dispõem a pagar por ela.
Chega de prometer bênção. Os auditórios lotados de pessoas ávidas por receber uma vantagem sobre os demais favorecem egocentrismo. Há pouco vi um adesivo no vidro traseiro de um carro que dizia: “Presente de Deus”. Pensei, imediatamente: Por que Deus se mobilizaria para presentear apenas um dos seus apaniguados, mas não se incomoda em dar transporte público de qualidade para milhões de outras pessoas? Avidez espiritual cria o ciclo vicioso de quanto mais alguém promete, mais tem gente querendo receber. E essa roda não para nunca. O salmo 106 denuncia o comportamento dos judeus no tempo da libertação do cativeiro egípcio. Depois de um livramento, o povo parecia não se saciar. A cada sinal, cobrava mais uma intervenção sobrenatural. O fascínio pela próxima intervenção divina transformou-se em cobiça. O versículo 15 trás uma dura sentença: "Deus concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma”.
Chega de prometer bênção. A Bíblia não pode ser encolhida a um estojo repleto de afirmações otimistas. Para legitimar o discurso ufanista e prático, a maioria dos pastores cita textos convenientemente sacados do Antigo Testamento; servem apenas as promessas espetaculares do período anterior ao exílio. Alguns chegam a dizer que o Eclesiastes, com sua abordagem crua, não devia sequer constar entre os livros sagrados. Esses sermões, que procuram enfatizar bênçãos, deixam de lado textos contundentes do Novo Testamento. Em muitos, os cristãos são convocados a enfrentar um mundo violento e doloroso. Jesus não dourou a pílula para os que ousavam segui-lo. Ele jamais encobriu a verdade ao advertir: "No mundo, vocês vão passar por aflições" (João 16:33). Paulo também lembrou os primeiros cristãos que eles não podiam fantasiar que viveriam numa redoma de prosperidade: "E, tendo anunciado o Evangelho naquela cidade e feito muito discípulos, voltaram… fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que, por meio de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus (Atos 14:21-22). O Apocalipse deixou claro que era preciso coragem: "Não tenha medo das coisas que você terá de sofrer” (Apocalipse 2:10).
Chega de prometer bênção. Na narrativa sobre a tentação de Jesus (Mateus 4) quem se obriga verbalmente a dar tudo, se for adorado, é o diabo. A espiritualidade judaico-cristã não se estabeleceu na lógica do utilitarismo. Deus não busca relacionamento baseado naquilo que ele pode dar. Todo o amor só se estabelece na gratuidade, e em admiração mútua – inclusive o divino. No livro de Jó, Satanás fez uma acusação gravíssima contra Deus. O acusador tentou dizer que Deus só é amado porque suborna os filhos: "Porventura, Jó teme a Deus de graça?" (Jó 1:9). A narrativa poética do livro ensina que, de fato, o Senhor não era amado por suas inúmeras bênçãos sobre a vida e a família de Jó.
Os milagres carregam em si uma terrível consequência, condicionam a fé à comodidade e ao proveito. O ladrão da cruz pediu um derradeiro milagre – seguramente necessário – em proveito próprio. Se saísse daquela condição, ele teria uma prova de que Jesus era de fato o filho de Deus. O ladrão condicionou a fé a um salvamento pessoal. Crer seria uma espécie de gorjeta que o mau ladrão devolveria aos pés de Jesus, caso escapasse da morte. Jesus não lhe dá ouvidos. Se, na derradeira hora, ele não percebesse o maior de todos os milagres – Deus morrendo numa cruz – um alívio temporário não bastaria para lhe convencer de nada.
Chega de prometer bênção. A virtude cristã que se deve buscar prioritariamente é a justiça. No Sermão da Montanha, só os que têm fome e sede de justiça serão fartos (Mateus 5:6). Quando o cristianismo destaca a promoção da justiça, todas as demais bênçãos se tornam secundárias (Mateus 6:33). Aliás, não existe pregação legitimamente evangélica sem a busca do que chamamos de liberdade, direito, gentileza, solidariedade. A vida. O reino de Deus não é comida, nem bebida, mas justiça e paz e alegria no Espírito Santo (Romanos 14:1).
Quem alardeia milagre é charlatão, mero propagandista de um produto falsificado. Antes de saírem à cata de privilégios, os crentes deviam lutar para que se cumpra na vida deles, Isaías 61:3: A fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para a sua glória.
Soli Deo Gloria
Fonte: www.ricardogondim.com.br
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
O louco, o sábio e os porcos
Um viajante, homem sábio, justo e de bom coração, navegou até lá. Ele foi ao encontro do excluído criminoso.
Tão logo o sábio desembarcara, fora recebido pela vil criatura (ninguém mais o enxergava como gente). O encontro foi chocante, mas a paz que o sábio homem carregava subjugou toda a violência do sanguinário malfeitor. O sábio era um especialista em restauração de vidas...
Aquele ser, outrora repugnante, agora era de novo um homem. Estava livre, limpo, com seus pensamentos ordenados. Fora restaurado!
Mas no processo de cura algo fugiu à normalidade. Uma grande vara de porcos (cerca de dois mil) se perdeu, morreram afogados.
Os criadores dos porcos, vendo o homem agora são, reestabelecido e os porcos que se perderam, ficaram furiosos e não demorou até que inflamassem toda a cidade.
O desfecho da história fora trágico. O bondoso sábio fora expulso, a despeito do bem feito ao homem e de tudo o mais o que ele ainda poderia fazer naquela região.
Aquele povo esteve diante de uma decisão e ao ponderar entre o valor da vida humana e os benefícios cedidos à ela e, o valor da vida dos bichos, o povo escolheu os bichos. Entre o bom e sábio homem e os porcos, eles escolheram os porcos!
quarta-feira, 7 de outubro de 2015
A dificuldade de orar
Por: Mark Jones
Oração não é fácil. Eu vejo que isso é verdade para mim, mas outros que têm meu respeito também dão testemunho da dificuldade de orar. Alguns indivíduos fazem parecer fácil; se eles passam horas por dia na tenda do encontro, provavelmente eles levam também o computador para lá.
Considere os seguintes testemunhos, que são de cheios de pensamentos que, muito curiosamente, não são normalmente ouvidos quando as pessoas dão seus testemunhos:
“Tudo que fazemos na vida cristã é mais fácil que orar” (Martyn Lloyd-Jones)
...
“Não há nada em que somos tão ruins em todos os nossos dias do que na oração” (Alexander Whyte)
“Houve momentos em minha vida em que preferia morrer a orar” (Thomas Shepard)
Imagine Thomas Shepard dizendo essas palavras após ser levado para a frente da igreja para “falar sobre as coisas maravilhosas que Deus tem feito em sua vida”. Seja qual for o caso, eu considero um tanto confortante as palavras destes homens citados. De fato, leia isso de John Bunyan:
“Eu posso falar por experiência própria, e a partir dela contar-lhe sobre a dificuldade de orar a Deus como devia; isso é o suficiente para me fazer pobre, cego, carnal, para cultivar estranhos pensamentos sobre mim. Pois, quanto ao meu coração, quando eu saio para orar, eu descubro tanta relutância em ir a Deus, e quando estou com ele, tanta relutância em continuar ali, que muitas vezes, em minhas orações, eu sou forçado a primeiro implorar a Deus que ele tome o meu coração, e o coloque diante de Cristo, e quando estiver ali, que ele continue ali. Com efeito, muitas vezes eu não sei o que orar (eu sou tão cego), nem como orar (eu sou tão ignorante); somente (bendita Graça) o Espírito ajudando nossas enfermidades [Rm 8.26].”
Aqui está um puritano que obviamente batalha, como muito de nós, com a oração.
Às vezes, os cristãos caem em um “círculo vicioso de oração” e acham difícil acabar com esse círculo. Não é que eles desistiram de orar, mas eles parecem desistir de gastar tempo a sós com o Senhor naquilo que os puritanos chamaram de “oração privada e fervorosa” (ver Hebreus 5:7).
Evidentemente, não há uma regra estabelecida sobre que frequência e duração devem ter nossas orações. Ainda assim, nós oramos sem cessar (1 Tessalonicenses 5:17); devemos orar em todo tempo (Efésios 6:18) e oramos subitamente por causa de necessidades e ocasiões (Neemias 2:4).
A Bíblia também nos dá exemplos daqueles que pareciam ter horários escolhidos ou específicos em que se dedicavam à oração (Mateus 6:6). Considere Daniel, que orava três vezes ao dia, “como também antes costumava fazer” (Daniel 6:10). “Subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora sexta” (Atos 10:9). E nosso Senhor Jesus que “retirava-se para os desertos, e ali orava” (Lucas 5:16).
Considerando que a oração é difícil, como Cristo nos motiva a orar? Em Mateus 6:6, ele promete a seus discípulos que seu Pai os recompensará pelo que eles fazem (isto é, orar) em segredo. Perceba o quanto a palavra “recompensa” aparece somente neste capítulo.
Nós precisamos nos questionar se adequadamente cremos nas palavras de Mateus 6:6. Você realmente crê – e deveríamos crer – que Deus nos recompensará? Se nós crêssemos, certamente gastaríamos muito mais tempo na oração em secreto do que fazemos. Não temos porque não pedirmos. Não pedimos porque nos falta fé (Mateus 21:22).
Fé é a mão que suplica a Deus: “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11:6).
Cristo, o homem de fé por excelência, certamente entendeu esse conceito em sua vida de oração. De fato, ele orou por sua recompensa: “E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse” (João 17:5).
Eu não sei precisamente como o Senhor nos recompensará pelo que fazemos em segredo. Algumas vezes, as respostas à oração são óbvias ou imediatas. Às vezes, ele nos recompensa ao não nos dar o que (erroneamente) pedimos. E há orações que sequer podem ser respondidas em vida (veja a oração de Estêvão em Atos 7:59-60, que pode ter resultado na conversão de Saulo de Tarso; ou perceba como a oração de Moisés para ver a glória de Deus em Êxodo 33:18 foi respondida na Transfiguração).
Mas eu sei disto:
As recompensas do Pai vêm da graça: “É chamado recompensa, mas é pela graça, não por dívida; que mérito pode haver em mendigar?” (Matthew Henry).
E ele tem prometido recompensar seus filhos quando eles oram em secreto, e somente essa motivação deveria ser o suficiente para nos levar aos nossos “quartos de oração” onde pedimos para receber.